24 de fev. de 2008

"Cartas de Amor"

Por causa de "uma grande constipação" (aqui devia estar o link que me inspirou mas não sei como se faz! Bú!) lembrei-me deste texto espectacular de Fernando Pessoa.

Todas as cartas de amor são
Ridículas.Não seriam cartas de amor se não fossem,
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal.
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas)

2 comentários:

O Meu Outro Eu Está a Dançar disse...

:)obrigada Maria do Inês, e o Fernando Pessoa que fale por ele, sim porque as cartas de amor dele eram assim:
"Ai, meu amor, meu Bébé, minha bonequinha, quem te tivesse aqui! Muitos, muitos, muitos, muitos, muitos beijos do teu, sempre teu"
ou "Meu querido Bébézinho:"
ou "Mando um meiguinho chinez.
E adeus até amanhã, meu anjo.
Um quarteirão de milhares de beijos do teu, sempre teu
Fernando"


queres cuscar?

http://virtual.inesc.pt/~jaj/crestomatia/61.html

era ridiculamente querido ;)

CHIQUITA disse...

...e este era só o Fernando...ainda faltam os heterónimos!





eu já escrevi umas quantas cartas de amor para um principezinho que virou um...chato!
ai! ai! não era para dizer!!!
:)